A leitura, de forma ampla, abrange várias formas de representações artísticas no âmbito do verbal e do não verbal, assim como compreende áreas diversas do conhecimento. Nesse contexto, incialmente, podemos dizer que a literatura, o cinema e as artes visuais, destacam-se no que tange aos processos de leitura. No dizer de Roland Barthes (1988, p. 44), “No campo da leitura não há pertinência de objetos: o verbo ler, aparentemente muito mais transitivo do que o verbo falar, pode ser saturado, catalisado, com mil objetos diretos: leio textos, imagens, cidades, rostos, gestos, cenas etc”. Contudo, artes que transitam nas “bordas”, sob o ponto de vista de Jerusa Pires Ferreira (2010), ganham cada vez mais espaço no contexto acadêmico, como, por exemplo, as histórias em quadrinhos que, segundo Moacy Cirne, surgem como potência semiótica, por conta dos agenciamentos de leitura que o gênero quadrinístico possibilita aos leitores e leitoras.

No contexto das artes visuais, além disso, vale destacar as seguintes linguagens: pintura, grafite, colagem, gravura, desenho, aquarela, dentre outras práticas artísticas do não verbal, enquanto linguagem, na acepção de Lucrécia Ferrera (1986). Pode-se pensar, ainda, nas estéticas digitais, dentre elas, videoclipe (que perpassa pelo universo da Música), o videogame, ou as poéticas digitais, na versão “verbivocovisual” da Poesia Concreta, assim como versões mais contemporâneas quanto ao uso das tecnologias no campo das artes visuais.

Nesse sentido, o presente número da Revista Falas Breves, que traz como tema central: Leituras semióticas e intersemióticas: literatura, cinema e outras artes, acolhe, interdisciplinar e intersemioticamente, trabalhos que reflitam sobre o tema da leitura em sua dimensão ampla, que compreende o verbal e o não verbal, principalmente (mas não somente) pelo viés da Semiótica e da Intersemiótica. No Semiótica, tem-se uma linha teórica com diversas vertentes: Semiótica russa, norte-americana, francesa, italiana etc. Já quanto à Intersemiótica, abrem-se diversos diálogos interartes que flertam com a Literatura, assim como outras possibilidades tradutórias entre os signos verbal e não verbal.

Nesse contexto teórico, surgem autores e autoras que se alinham à proposta do tema central do presente número da revista, dentre eles, podemos citar: Charles Peirce, Lucia Santaella, Julio Plaza, Linda Hutcheon, Lucrécia Ferrara, Yuri Lotman, Greimas, Umberto Eco, dentre outras vertentes teóricas que dialogam com a proposta temática da presente edição.

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